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7 problemas comuns nos carros usados que deves conhecer

Renata Liubertaitė

Renata Liubertaitė

Raramente sabemos o que esperar quando compramos um carro usado. Todos os veículos têm uma história própria, e é provável que só venhas a descobrir algumas peculiaridades com o tempo – quer se trate de uma luz misteriosa no painel de instrumentos ou de um zumbido estranho no motor que até podia servir de música de fundo.

Por isso, é importante estar munido de conhecimentos durante o processo de compra de um automóvel usado.

Neste artigo, ficarás a conhecer alguns dos problemas comuns nos carros usados, que normalmente não são visíveis, e saberás como evitar comprar um veículo que te leve numa aventura na qual nunca te inscreveste.

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1. Sobreaquecimento do motor

Entre os principais problemas dos carros elétricos usados e dos carros convencionais em segunda mão, o sobreaquecimento do motor é um problema recorrente e complicado. Ocorre quando a temperatura do motor sobe para além do seu intervalo de funcionamento normal, podendo danificar vários componentes do motor e até provocar a sua avaria.

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Fonte: Petr Smagin / Shutterstock

Há muitas razões que podem explicar o sobreaquecimento do motor. A título de exemplo, baixos níveis do líquido de refrigeração podem impedir a regulação eficaz da temperatura do motor; já um termóstato encravado ou uma bomba de água gasta, responsável pela circulação do líquido de refrigeração, podem prejudicar o processo.

Felizmente, não é difícil verificar se o motor está a sobreaquecer antes de comprar o veículo usado. A forma mais fácil de o fazer é efetuar um test drive mais prolongado, observando atentamente as alterações de temperatura e os potenciais problemas quando o motor começa a aquecer.

Seja qual for a causa, um motor sobreaquecido não deve ser ignorado, porque a reparação ou substituição do motor pode ser bastante cara.

Sinais de sobreaquecimento do motor

A notícia relativamente boa é que podes ver sinais claros se o veículo usado começar a sofrer de sobreaquecimento do motor. Normalmente, estes incluem:

  • subida do termómetro ou aparecimento de uma luz de aviso no painel de instrumentos é um dos sinais mais evidentes de que o motor está acima da temperatura ideal;
  • vapor ou fumo a sair do capô;
  • capô quente que mal pode ser tocado sem aleijar a mão;
  • cheiros estranhos, muitas vezes com um odor doce ou químico;
  • sons estranhos tipo tiquetaque – indicam que o processo de lubrificação entre as partes móveis do motor falhou;
  • redução da potência, que impede o automóvel de acompanhar o trânsito;
  • líquido de refrigeração debaixo do carro, quando estacionado – também pode indicar que está a ocorrer sobreaquecimento do motor.

Se notares algum destes sinais ao conduzir, encosta em segurança e desliga o motor. Ao fazê-lo, podes evitar danos (que até podiam levar a um incêndio) e começar a resolver o problema de imediato.

2. Anomalias da transmissão

Quer a transmissão do automóvel seja automática ou manual, o seu defeito é outro dos problemas comuns que os proprietários de automóveis usados costumam enfrentar.

Dependendo do tipo de transmissão, a anomalia pode surgir de formas diferentes. Por exemplo, pode ocorrer um deslize da transmissão quando se conduz um automóvel com transmissão automática, ao passo que a dificuldade em engrenar as mudanças é um problema típico dos automóveis com transmissão manual. Este último é um problema frequente nos automóveis modernos que pode ser causado por uma embraiagem desgastada, o que torna a passagem de mudanças difícil ou mesmo impossível.

É evidente que uma anomalia na transmissão requer assistência imediata, uma vez que suscita alguns problemas de segurança graves.

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Fonte: Jean-Philippe Delberghe / Unsplash

Quais são os principais sinais de anomalia da transmissão?

Para além do deslize da transmissão e da dificuldade em engrenar mudanças, eis alguns sinais que indicam que o veículo pode necessitar de reparação da transmissão:

  • sons estranhos – os sons estranhos podem indicar muitos problemas distintos, e a falência da transmissão pode ser um deles. Normalmente, as transmissões automáticas defeituosas produzem ganidos, tinidos e zumbidos, enquanto as transmissões manuais produzem sons mecânicos altos e, muitas vezes, repentinos;
  • fuga de líquidos – como o sistema de transmissão depende do equilíbrio entre a pressão do líquido e a lubrificação, a fuga de líquido da transmissão é uma indicação clara de uma potencial falha no sistema;
  • cheiro a queimado – pode indicar que a transmissão está a sobreaquecer ou que o líquido está a queimar;
  • sensação de moagem ou vibração – se o carro apresenta algum tipo de rangido ou vibração ao engrenar as mudanças ou ao carregar no pedal do acelerador, é provável que também haja algum problema na transmissão;
  • aceleração ou desaceleração súbita – uma avaria na transmissão pode fazer com que o automóvel acelere ou desacelere sozinho, mesmo quando se mantém uma pressão constante no pedal do acelerador;
  • atraso na engrenagem das mudanças – quando a transmissão está a funcionar perfeitamente, passar para a mudança correta é fácil. A hesitação ou o atraso nas mudanças é o primeiro indício de que algo está mal;
  • luz de verificação do motor – embora o principal propósito da luz de verificação do motor seja alertar o condutor para potenciais problemas no motor e seus sistemas, a luz também está conectada ao sistema de diagnóstico a bordo do veículo, que por sua vez monitoriza vários componentes e sistemas, entre os quais a transmissão.

3. Pastilhas e discos dos travões gastos

O sistema de travagem é composto por muitas peças móveis que estão estreitamente interligadas e que são essenciais para o funcionamento seguro de qualquer veículo. Naturalmente, os seus vários componentes podem desgastar-se com o tempo, arrastando outros elementos para a equação.

pastilhas de travão
Fonte: LightField Studios / Shutterstock

Como as pastilhas e os discos sofrem fricção e calor constantes durante a travagem, são as principais vítimas de problemas no sistema de travagem dos automóveis usados.

A rapidez com que se desgastam ou a frequência com que devem ser substituídos depende de vários fatores, nomeadamente das condições da estrada e do estilo de condução. Recomenda-se a substituição das pastilhas dos travões a cada 40 000 a 100 000 km, enquanto os discos dos travões devem ser substituídos entre os 48 000 e os 110 000 km.

Como saber se está na altura de substituir as pastilhas ou os discos dos travões?

É possível perceber se as pastilhas estão gastas só de olhar para elas. É claro que um mecânico profissional pode dar mais informações (afinal, não é possível ver a pastilha de travão interior sem tirar a roda), mas para teres uma ideia básica da situação, podes verificar a pastilha de travão exterior (caso as rodas do teu carro tenham design aberto).

Quanto aos discos, um dos indícios mais comuns de desgaste é a vibração do volante durante a travagem. Se os discos que ajudam a parar o carro já não estiverem tão lisos, isso pode fazer com que os travões funcionem de forma irregular, levando a uma ligeira vibração do carro.

4. Amortecedores e apoios da suspensão desgastados

O sistema de suspensão é responsável por manter uma condução confortável e controlada, por isso, qualquer pequeno problema na suspensão pode afetar a experiência de condução e a segurança na estrada. Se sentires que os desníveis na estrada se tornaram significativamente mais percetíveis nos últimos tempos, o problema pode estar nos amortecedores do teu carro.

Com o tempo, os amortecedores podem desgastar-se devido a vários fatores, nomeadamente o aumento da quilometragem, as condições da estrada, cargas pesadas, o estilo de condução, e fatores ambientais. Todos estes vão deixando a sua marca ao longo do tempo e é por isso que os problemas de suspensão são um problema mais comum nos automóveis usados.

Sinais de desgaste nos amortecedores e apoios da suspensão

  • aumento dos solavancos – se o veículo saltar mais do que o habitual depois de bater numa lomba ou num buraco na estrada, isso pode indicar que os amortecedores já não estão a funcionar eficazmente;
  • manuseamento difícil – o veículo pode tornar-se mais difícil de controlar, especialmente em curvas ou manobras bruscas;
  • inclinação à frente e atrás – se o veículo tiver problemas na suspensão, podes notar que, nas acelerações e travagens, a frente ou a traseira do carro descai.
  • barulhos de pancadas, batidas, ou chocalhos provenientes da área da suspensão podem sugerir que os componentes estão soltos ou danificados.

Dado que um veículo com problemas de suspensão é, por norma, instável na estrada, o desgaste dos pneus costuma acontecer de forma heterogénea. Por isso, se notares desgaste irregular dos pneus, podes começar a suspeitar que há algo de errado com a suspensão.

5. Avaria da bateria

bateria de carro, bateria de carro com clipes
Fonte: Julia Avamotive / Pexels

A avaria da bateria é outro problema comum nos automóveis usados. Por isso, ao adquirir um veículo em segunda mão, deves pedir o historial da bateria e eventuais registos de manutenção.

Se notares algo de estranho no veículo atual (por exemplo, se notares um escurecimento significativo dos faróis e do interior do carro quando tentas ligar o veículo), considera a hipótese de verificar a bateria. Nos veículos modernos, a avaria da bateria costuma ser acompanhada pelo aparecimento da luz da bateria no painel de instrumentos.

Eis alguns fatores que podem causar a falha da bateria em carros usados:

  • idade da bateria – em condições ideais, a bateria do automóvel costuma durar até cinco ou seis anos, pelo que é importante ter em conta a idade da bateria se estiveres a planear comprar um automóvel usado;
  • manutenção – a manutenção regular da bateria, como a limpeza dos terminais e a garantia de ligações corretas, pode ajudar a prolongar a sua vida útil;
  • temperaturas extremas – em zonas com condições climatéricas severas (extremamente quentes ou frias), as baterias podem falhar mais cedo em carros que não tenham sido objeto de uma boa manutenção;
  • inatividade – se não usares o teu carro muitas vezes, a bateria pode perder a carga e o sulfato pode acumular-se nas placas, reduzindo a sua capacidade;
  • problemas elétricos – a bateria pode não estar a carregar corretamente se o automóvel tiver problemas elétricos, e isso pode levar à sua avaria prematura.

Seja qual for o motivo, se tiveres problemas com a bateria de um automóvel usado, manda testá-la ou, se necessário, substituí-la. Deves fazê-lo com um mecânico de confiança para evitares avarias inesperadas.

6. Catalisador bloqueado

Os veículos modernos não estão completos sem catalisadores que filtram os poluentes nocivos e os gases tóxicos produzidos nas estradas. Trata-se de um componente obrigatório do sistema de escape dos automóveis, cuja substituição é bastante cara.

A maioria dos automóveis efetua uma regeneração do filtro de partículas de vez em quando, na qual as partículas retidas aquecem o suficiente para entrarem em combustão e se transformarem em cinzas, o que limpa o catalisador e o filtro de partículas. No entanto, esta função costuma falhar, resultando no entupimento do catalisador ou do filtro.

Se o catalisador do teu carro estiver bloqueado ou obstruído, o gás tóxico retido no motor pode aquecer até ao ponto de ignição. Isso pode afetar negativamente o desempenho do veículo, as emissões, e o funcionamento geral, e danificar componentes cruciais do motor a longo prazo.

conversor catalítico, conversor catalítico bloqueado
Fonte: Ulianenko Dmitrii / Shutterstock

Como saber se o catalisador está bloqueado?

A dificuldade em ligar o carro costuma ser um dos primeiros sinais de bloqueio do catalisador. Outro problema associado é a redução do desempenho do motor, uma vez que os gases nocivos ficam presos na câmara de combustão, levando a uma diminuição da aceleração e a um aumento do atraso do motor.

Independentemente do sinal, um catalisador bloqueado pode acionar o sistema de diagnóstico a bordo do veículo, fazendo com que a luz de verificação do motor ou outra luz de aviso se acenda no painel de instrumentos. Assim, se suspeitares que o catalisador pode ser a causa do problema, podes utilizar um scanner OBD2 para avaliares a situação.

7. Questões estéticas

Embora os problemas estéticos não sejam problemas mecânicos e não afetem a funcionalidade do veículo, é importante corrigir alguns deles por motivos de segurança ou por potenciais problemas que possam causar no futuro. As falhas visuais podem variar muito em termos de gravidade e incluem coisas como riscos, fissuras, e sinais de desgaste.

Por exemplo, os danos na pintura são um tipo comum de danos exteriores e uma das primeiras coisas que se nota num automóvel. Pode parecer um problema menor, mas, na realidade, os danos na pintura não devem ser ignorados, por várias razões:

  • Os defeitos na pintura podem prejudicar a estética e reduzir o valor de revenda do automóvel.
  • Uma vez que a tinta serve de camada protetora contra elementos ambientais, danos na pintura podem provocar ferrugem e corrosão, causando danos estruturais e afetando a longevidade do automóvel.
  • Até os mais pequenos defeitos na pintura podem aumentar se não forem tratados (devido à humidade, às mudanças de temperatura e a outros fatores).
ferrugem, ferrugem no puxador do carro, ferrugem sob a pintura
Fonte: Dmitrii Smirnov / Shutterstock

O desgaste interior é outra questão estética, mas também pode ajudar a detetar algumas lacunas no carro. Por exemplo, se o volante, o banco do condutor, os pedais, e a caixa de velocidades de um veículo parecerem gastos, mas a quilometragem do carro for baixa, deves suspeitar do negócio e investigar o conta-quilómetros para veres se há sinais de adulteração.

Por vezes, os problemas com as luzes e os indicadores são difíceis de detetar, a menos que comecem a embaciar ou a acumular água no interior. Se os faróis do automóvel estiverem como novos, mas notares algum dos problemas mencionados, podes suspeitar de que foram substituídos ou mal reparados.

3 coisas que deves fazer antes de comprar um carro usado

A chave para evitar os problemas mais comuns dos automóveis usados é aprender o máximo possível sobre o veículo antes de fechar o negócio. A identificação de potenciais problemas pode ajudar-te a tomar decisões mais informadas, a planear melhor as finanças, e a evitar visitas inesperadas à oficina.

Inspeciona o carro antes de comprá-lo

Ignorar uma inspeção profissional é um dos maiores erros cometidos por pessoas que compram carros usados. Todos os automóveis têm a sua história e nunca se sabe no que nos estamos a meter quando ignoramos uma visita a um mecânico qualificado.

Para evitar potenciais problemas financeiros e de segurança no futuro, deves mandar inspecionar o veículo usado antes de o comprares, para saberes se são necessárias grandes reparações. Certifica-te de que o mecânico também faz um teste de diagnóstico ao carro, pois muitos problemas só podem ser revelados depois de um exame de diagnóstico.

Verifica o histórico do veículo

relatório de histórico do veículo

Um relatório histórico é uma forma fidedigna de saber mais informações sobre o veículo que se vai comprar. Todos os automóveis têm os seus próprios números únicos, chamados VIN (ou Número de Identificação do Veículo).

Ao introduzires esse número num decodificador de VIN, podes obter informações valiosas sobre o passado do carro, nomeadamente o historial de acidentes, registos de danos, leituras do conta-quilómetros, especificações originais, e muito mais.

Não faltes aos check-ups de rotina

Embora existam marcas de carros com manutenção mais cara, a manutenção regular do carro é um “ritual” fundamental que todos os proprietários de automóveis devem adotar, independentemente do preço. O cumprimento do cronograma de manutenção contribui para o bom funcionamento do automóvel, independentemente do motor, do tipo de transmissão, ou da idade, e permite-te identificar potenciais problemas antes que seja demasiado tarde.

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Perguntas Frequentes

Renata Liubertaitė

Artigo de

Renata Liubertaitė

Renata é redatora com mais de 8 anos de experiência em publicações, marketing e empresas de SaaS. Escrevendo em vários domínios e cobrindo tópicos altamente técnicos, aprendeu a transformar coisas complexas em algo que todos possam compreender. Quando não está a escrever para a carVertical, aprecia projetos de bricolage e passeios de bicicleta espontâneos.