2023-11-20
Como testar o motor e a transmissão de um carro
O motor e a transmissão do carro são uma dupla dinâmica que é responsável pela potência, o desempenho, e a experiência geral de condução. São também os elementos mais dispendiosos de reparar. O desgaste natural do carro pode afetar estes componentes críticos, levando a muitas situações desagradáveis na estrada.
Conhecer os problemas comuns no motor e na transmissão, os seus sinais, e os procedimentos iniciais de resolução é essencial para prevenir estas situações e garantir a longevidade do carro.
Então, como podemos cuidar do motor e da transmissão do automóvel para que continuem a funcionar no seu melhor?
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A importância de testar o motor e a transmissão
O motor e a transmissão estão entre os componentes mais importantes de um veículo. O motor gera energia, a transmissão transmite-a às rodas. Sem a transmissão, o motor estaria diretamente ligado a uma engrenagem em movimento, o que significa que aceleraria lentamente, teria dificuldade em atingir uma velocidade decente, e o motor estaria sob muito mais pressão.
A verificação regular do motor e da transmissão do automóvel é essencial porque ajuda a detetar problemas mais cedo, a evitar reparações dispendiosas, e a conduzir em segurança.
Potenciais problemas no motor e na transmissão
Qualquer perito em automóveis dir-te-á que a manutenção do carro ajuda a evitar o desgaste prematuro, especialmente nos motores e nas transmissões. Até o mais pequeno ruído, quando ignorado, se pode transformar numa falha catastrófica do motor. São muitas as peças pequenas e relativamente baratas que são fundamentais para o funcionamento correto do carro. Além disso, mesmo as mais pequenas peças defeituosas do motor ou da transmissão podem levar à substituição de todo o motor.
Infelizmente, mesmo com uma manutenção rigorosa, podem ocorrer alguns problemas. Algumas das piores avarias ocorrem quando a manutenção do veículo é negligenciada e quando os primeiros sinais de problemas são ignorados:
- Gripagem do motor;
- Sobreaquecimento do motor;
- Rutura da correia de distribuição;
- Danos nas engrenagens;
- Sobreaquecimento da transmissão;
- Curto-circuito nas unidades de controlo.
Alguns destes problemas podem ser causados por falta de líquido de refrigeração, provocando reparações que custam uma fortuna e que deixam o carro parado durante semanas. Embora estes sejam alguns dos problemas mais dispendiosos e demorados de resolver, a lista de problemas poderia continuar por várias páginas.
A boa notícia é que alguns testes simples podem ajudar a evitar a maioria destes problemas antes que seja tarde demais.
Testar o motor do carro
Os motores de combustão interna convertem energia química em energia mecânica, pressionando os pistões que fazem girar a cambota. Existem sistemas de lubrificação, arrefecimento e vários outros sistemas para combater a fricção, as temperaturas elevadas, e a contaminação.
O teu mecânico pode efetuar uma inspeção minuciosa para identificar os problemas, mas quando estes surgem em alturas inconvenientes, saber como realizar uma verificação inicial pode permitir-te descobrir o que significa o barulho estranho ou o cheiro a queimado.
Inspeção visual
Uma simples inspeção visual do motor do carro deve ser o primeiro passo na resolução do problema, porque é rápida e revela várias coisas no momento. Basta abrir o capô e procurar atentamente sinais como:
- Fugas: não deve haver fugas no compartimento do motor. Certifica-te de que o motor e os seus acessórios estão secos.
- Mangueiras danificadas ou soltas: as mangueiras do radiador, da direção assistida, e da admissão de ar devem estar intactas, sem fissuras ou ruturas visíveis.
- Cablagem danificada ou oxidada: o isolamento dos fios pode ser danificado quando entra em contacto com outras superfícies. É frequente acontecer quando os clipes de suporte estão partidos ou ausentes. Além disso, a humidade excessiva provoca oxidação e prejudica as ligações.
- Correias gastas ou danificadas: deves conseguir ver algumas correias acessórias na frente do motor. Normalmente, estas correias fazem funcionar o alternador, o compressor de ar condicionado, a bomba de água, e a bomba da direção assistida. Por isso, estes sistemas podem apresentar anomalias ou deixar de funcionar se uma correia estiver danificada.
- Corrosão: verifica se todas as peças metálicas e tubos estão intactos.
Também podes testar o motor do carro em funcionamento – assim, podes verificar se as correias estão soltas ou se alguns líquidos estão a vazar sob pressão. No entanto, se houver um problema grave com o motor, o arranque pode causar ainda mais danos, por isso, tem cuidado.
Verificar os níveis dos líquidos
Os carros utilizam vários tipos de líquidos, e a maioria deles é acessível através do compartimento do motor – óleo do motor, líquido de refrigeração, líquido dos travões, líquido da direção assistida, e líquido do limpa-para-brisas.
O óleo do motor é um dos líquidos mais importantes num automóvel – atenua o desgaste do motor, retém os contaminantes, e distribui o calor. O líquido de refrigeração assegura que o motor e os seus componentes funcionam a temperaturas ideais, enquanto os líquidos dos travões e da direção assistida complementam os sistemas hidráulicos.
Certifica-te de que verificas estes líquidos uma vez por mês ou depois de notares que algo está estranho. Se os níveis estiverem abaixo do mínimo, é provável que haja uma fuga que deva ser resolvida. Presta também atenção às cores dos líquidos – se o óleo do motor estiver branco em vez de castanho ou preto, é provável que a junta do cabeçote esteja rebentada. O líquido de refrigeração deve ser de cor viva (não branco, preto ou castanho).
Se o motor tiver estado a trabalhar, espera pelo menos meia hora depois de o desligares. Assim, não te queimas ao verificares os líquidos.
Verificar barulhos e cheiros estranhos
Normalmente, todos os componentes dos motores modernos são concebidos de forma quase perfeita, o que os torna silenciosos e suaves. Quando algo se solta ou parte, alguns componentes podem começar a bater, a ranger entre si, ou causar sobreaquecimento, fugas, e outros problemas visíveis.
Depender apenas dos sons para resolver problemas é, muitas vezes, um tiro no escuro, mas é possível determinar a gravidade do problema. Os ruídos de rangidos estão muitas vezes relacionados com correias soltas ou gastas; os zumbidos baixos ou os ruídos de trituração podem ser provocados por uma lubrificação deficiente ou por componentes internos soltos no motor; e os sons de pancadas podem significar várias coisas, desde válvulas danificadas a combustão irregular do combustível. De qualquer modo, os sons estranhos são, muitas vezes, sinónimo de problemas graves que devem ser tratados de forma adequada.
Presta também atenção a cheiros estranhos. Estes surgem devido ao calor excessivo do motor, a um sistema de escape danificado, ou ao facto de vários líquidos começarem a verter e a pingar nas áreas quentes do motor. Nem toda a gente consegue distinguir os cheiros de cada líquido, por isso, lembra-te de que os cheiros a queimado indicam uma situação potencialmente perigosa, enquanto o cheiro a gases de escape significa que o escape está a verter.
Resumindo: se notares ruídos ou cheiros estranhos e não tiveres a certeza do que se trata, não corras riscos. Desliga o motor e contacta o teu mecânico.
Pesquisar códigos de avaria
Esta é a única parte do teste do motor em que é necessária uma ferramenta, pelo que vale a pena adquirir um leitor OBD2. Porquê? Porque os automóveis modernos podem ter mais de 100 unidades de controlo, que controlam o motor, o grupo motopropulsor, os travões, o sistema de informação e lazer, e outros sistemas. Quando algo avaria, as unidades de controlo interpretam o problema e ativam códigos de avaria específicos que podem ser revelados com estes leitores de códigos.
Normalmente, quando há um problema com o motor, aparece a luz do motor, a cor-de-laranja. Mas ela só avisa de que há um problema no motor. É o leitor OBD II que identifica o problema concreto.
Além disso, as avarias podem surgir mesmo sem uma luz de aviso. Verificar os códigos de avaria pode ajudar a identificar o problema e a resolvê-lo antes de evoluir para algo pior.
Se tens, ou vais comprar, um leitor OBD II, basta ligá-lo ao teu carro (a porta de entrada costuma estar localizada debaixo do tablier), ligar a ignição, e clicar em “ler códigos de avaria”.
Lembra-te de que os leitores de códigos apenas revelam os códigos de avaria e conseguem apagá-los, mas não resolvem os problemas. São ferramentas que ajudam a diagnosticar o problema, mas é o mecânico quem o resolve.
Testes de desempenho
Os especialistas costumam dizer que nunca se deve comprar um carro usado sem fazer um test drive, porque muitos problemas só aparecem durante a condução. Por isso, independentemente de comprares um carro usado ou de estares apenas a resolver problemas no teu próprio veículo, uma curta viagem de carro pode ser suficiente.
Uma vez que estamos a falar de potenciais problemas do motor, vale a pena recordar que motores desgastados ou danificados têm, regra geral, um desempenho inferior, o que significa que a aceleração é lenta, o pedal do acelerador não responde de forma ideal, e pode haver fumo de escape excessivo ou cheiros estranhos.
A aceleração deve ser suave e uniforme e não deve haver qualquer sensação de trepidação ao manter a velocidade. O fraco desempenho do motor é normalmente causado por uma má mistura de combustível, mas também pode acontecer devido a sensores defeituosos e outros problemas elétricos.
Não te esqueças de espreitar o painel de instrumentos de vez em quando para te certificares de que não há luzes de aviso e que o motor não está a sobreaquecer.
Testar a transmissão
A transmissão do automóvel desempenha um papel fundamental na poupança de combustível, na aceleração, no conforto, e noutros aspetos gerais, pelo que é essencial mantê-la nas melhores condições.
Uma vez que a transmissão está constantemente em movimento, ligando e desligando o motor de uma engrenagem em funcionamento e mantendo pressões específicas, desgasta-se com o tempo e é propensa a danos quando não é mantida corretamente.
Vejamos alguns passos que podem ajudar-te a testar a transmissão de um carro e a fazer pequenas suposições.
Verificar os líquidos
O óleo da caixa de velocidades arrefece e lubrifica os componentes internos, pelo que é vital para a longevidade da transmissão. Com o tempo, o óleo pode ficar contaminado, começar a verter e perder as suas propriedades. Por isso, deve ser verificado regularmente.
Por norma, é possível encontrar uma vareta laranja ou vermelha na parte de trás do compartimento do motor, que permite medir o nível do óleo da caixa de velocidades. O óleo da transmissão automática deve ser vermelho, caso contrário, significa que está velho, queimado, ou contaminado e deve ser substituído. O óleo da transmissão manual costuma ser âmbar e torna-se castanho à medida que envelhece. O nível do óleo também é muito importante – deve estar entre as marcas MIN e MAX na vareta, caso contrário, o óleo está a vazar.
A tecnologia moderna também oferece outras possibilidades, pelo que as varetas de medição são muitas vezes substituídas por sensores digitais. Além disso, alguns fabricantes de automóveis utilizam transmissões completamente seladas com líquido vitalício no interior. Normalmente, não têm tampões de escoamento nem varetas, pelo que não é possível verificá-lo. No entanto, essa declaração “vitalícia” significa que o líquido vai durar o tempo de vida esperado do carro (período de garantia de 3–5 anos), pelo que os especialistas continuam a recomendar a substituição do óleo da caixa de velocidades a cada 100 000–160 000 km.
Verificar barulhos e cheiros estranhos
Se notares cheiros ou barulhos estranhos provenientes do teu carro, um dos principais desafios é encontrar a sua origem. Vários zumbidos, sons de pancadas, cheiros a queimado, e vibrações provêm, na sua maioria, do motor, da transmissão ou do conjunto propulsor, mas há alguns sinais de que o problema está relacionado com a transmissão.
A transmissão gasta ou danificada costuma emitir um zumbido baixo ou um barulho de pancada, que se torna mais alto à medida que se acelera. Por vezes, aparece apenas em determinadas mudanças, o que é um forte sinal de que o problema está relacionado com a transmissão.
Quando a fricção na transmissão aumenta devido ao desgaste do líquido ou à sua falta, podes sentir o cheiro de peças metálicas a arder. Infelizmente, é muito difícil dizer de onde vem o cheiro, por isso é bom parar o carro e ligar para o mecânico.
Se conduzes um carro manual, podes ter problemas de embraiagem que também têm os seus próprios sons específicos. Por exemplo, quando o volante do motor está gasto, podes ouvir sons de chocalhos. Estes sons são mais fortes quando se liga e desliga o motor, mas diminuem ou desaparecem quando se carrega no pedal da embraiagem.
Testes de desempenho na estrada
Os fabricantes de automóveis desenham as transmissões de forma diferente, dando prioridade a propriedades e características específicas. Por isso, as transmissões também funcionam de forma diferente e requerem uma maior atenção para serem testadas corretamente. No entanto, quando uma transmissão começa a ter um comportamento estranho, normalmente é possível perceber que existe um problema.
Vejamos como as transmissões automáticas e manuais devem e não devem funcionar.
Transmissão automática
As caixas de velocidades automáticas CVT e DSG modernas são incrivelmente suaves e conseguem efetuar mudanças na perfeição, enquanto as transmissões tradicionais mais antigas podem ser um pouco mais primitivas. No entanto, não devem dar solavancos, atrasar as mudanças, ou mudar de velocidade inesperadamente. Lembra-te apenas de que, durante uma aceleração forte, as mudanças são retardadas para ganhar mais potência e agilidade, mas as mudanças costumam ser muito mais lentas quando se circula a velocidades normais.
Um dos problemas mais comuns da transmissão automática é o desgaste do conversor de binário. Durante a condução, observa as RPM do motor. Quando a transmissão não estiver a mudar e estiver a manter a velocidade, confirma que as RPM não flutuam; caso contrário, o conversor de binário pode estar gasto e ter de ser substituído.
O comportamento problemático da transmissão também pode ser causado pela falta de óleo da caixa de velocidades, avarias nos solenoides, sensores, ou danos mecânicos. De qualquer forma, as reparações da transmissão costumam ser complicadas e devem ser efetuadas por especialistas.
Transmissão manual
As transmissões manuais são bastante mais simples do que as automáticas, mas partilham muitos dos mesmos problemas. Quando utilizada corretamente, uma transmissão manual deve ser suave. Quando algo se parte ou um rolamento se estraga, podes notar sons estranhos. Quando a caixa de velocidades tem pouco líquido, ouves zumbidos baixos. E, quando os componentes internos da transmissão estão gastos ou há algo de errado com a embraiagem, algumas mudanças podem ser difíceis de mudar.
Por falar em embraiagem: os condutores costumam confundir problemas de caixa de velocidades com problemas de embraiagem. Algumas peças da embraiagem duram 50 000 km, e outras ultrapassam os 160 000 km. Por isso, vários condutores substituem apenas as peças gastas da embraiagem em vez de substituírem toda a unidade, o que pode contribuir para a ocorrência de mais problemas na embraiagem.
Uma vez que o motor e a transmissão são os principais sistemas dos automóveis, testar e monitorizar regularmente o seu desempenho garante não só a longevidade do automóvel, como também salvaguarda a experiência de condução.
Lembra-te de que estes passos servem apenas para uma verificação inicial – deve ser efetuada uma inspeção minuciosa por um perito antes das reparações, e deves adquirir um relatório histórico antes de compares um veículo usado. De qualquer forma, não ignores os sinais de problemas: mantém-te em segurança.
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