2024-05-15
Verificar a quilometragem real num carro usado: como detetar fraudes no odómetro?
Embora seja ilegal, o retrocesso do odómetro é bastante comum no mercado de veículos usados. A quilometragem é um importante indicador da condição do veículo. Uma quilometragem mais baixa significa um preço mais alto e, por isso, alguns vendedores de veículos usados adulteram o conta-quilómetros na tentativa de lucrarem ainda mais.
Felizmente, é possível revelar a quilometragem real de um veículo de forma simples – através de um relatório do histórico do veículo. No entanto, isso nem sempre funciona, pelo que é bom conhecer outras formas de detetar a manipulação do conta-quilómetros.
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Muitas pessoas não compreendem a importância da quilometragem num veículo. Os compradores de carros usados pagam mais para terem menos quilómetros no painel de instrumentos. Quando os números não correspondem à realidade, trata-se de uma fraude. Vejamos como evitar esta burla cada vez mais comum.
Utilizar o relatório de histórico do veículo, da carVertical, para detetar falsificações no conta-quilómetros
Obter um relatório do historial do veículo é simples – basta introduzir o VIN do veículo no decodificador de VIN da carVertical. Para além da quilometragem real, o relatório informa sobre acidentes anteriores, alterações à titularidade, e muito mais.
É assim que os relatórios revelam a quilometragem:
Este primeiro exemplo mostra a regularidade com que o gráfico de quilometragem foi crescendo todos os anos. Trata-se claramente de um carro que não teve o conta-quilómetros adulterado. Ainda bem!
Por vezes, os gráficos são quase nulos. Pode significar que alguém reduziu o número de quilómetros. No entanto, os burlões tendem a exagerar – mostraremos um exemplo daqui a pouco. As áreas planas significam, muitas vezes, que o tempo entre registos é curto ou que o automóvel não foi utilizado durante algum tempo.
Aqui está um exemplo clássico de um retrocesso do odómetro mesmo antes da marca dos 200 000 km. Mas porque é que esta marca é tão especial?
Bem, grande parte dos automóveis modernos começa a desenvolver problemas por volta dessa altura. Os vendedores estão cientes disso e “ajustam” as leituras do conta-quilómetros de forma ilegal.
Neste exemplo, alguém recuou o conta-quilómetros em 134 913 km entre janeiro de 2020 e maio de 2022. Se o próximo proprietário deste automóvel não tiver consultado o historial do veículo antes de o comprar, vai ter uma surpresa desagradável! A terrível marca dos 200 mil quilómetros está muito mais perto do que aparenta.
Ao comprar um carro usado, deve-se utilizar sempre um decodificador de VIN para conhecer a quilometragem real, bem como informações sobre roubos, registos, e danos. Cada vez mais pessoas estão a fazer disso um hábito e os burlões detestam-no.
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Sinais de manipulação – o que se deve procurar?
Os conta-quilómetros dos automóveis podem ser mecânicos ou digitais. Para adulterar um odómetro mecânico, os burlões teriam de o desmontar. Por outro lado, os conta-quilómetros digitais tomaram conta do mercado automóvel nas últimas duas décadas. Foram introduzidos não só para alterar a estética, mas também para evitar a falsificação dos conta-quilómetros. Ironicamente, qualquer pessoa consegue comprar uma ferramenta barata para editar os números do odómetro digital.
Felizmente, existem formas de detetar uma leitura falsificada do conta-quilómetros mesmo antes de obter um relatório de histórico do veículo. Eis o que se deve considerar:
O nível de desgaste do calço do pedal do travão
Com que frequência se substituem os calços dos pedais dos travões? Correto: a resposta é “quase nunca”.
Basta considerar que o pedal do travão é constantemente utilizado durante a condução, pelo que se desgasta de forma consistente com a quilometragem. Por exemplo, o pedal do travão deve estar ligeiramente gasto num automóvel com 100 000 km. Por outro lado, um carro com 300 000 km terá um pedal do travão com um aspeto muito mais desgastado.
O truque? Procurar incoerências! O carro de 50 000 km tem o pedal do travão muito gasto? Ou parece que acabou de ser substituído? Estes são sinais de alerta a que se deve estar atento.
O estado do volante e do banco do condutor
Quando os peritos em automóveis procuram um carro usado, a primeira coisa que examinam depois de abrir a porta é o estado do volante e do banco do condutor.
Os fabricantes utilizam diferentes tipos de materiais para os volantes e os bancos. Geralmente, os modelos económicos são mais propensos ao desgaste, ao passo que os automóveis executivos ou de luxo apresentam materiais mais robustos e resistentes. Ainda assim, o condutor toca sempre nestas áreas, pelo que estes indicadores de quilometragem são bastante precisos.
Se o couro ou os tecidos já estiverem esfarrapados, o automóvel pode já ter ultrapassado a marca dos 200 000 km.
As dobradiças das portas
As dobradiças das portas dos veículos são submetidas a um enorme esforço sempre que se abre a porta. Uma porta de um automóvel pesa cerca de 40–50 kg e está normalmente presa por duas dobradiças. Por isso, não é de admirar que o uso frequente e as pancadas possam afetar seriamente estas dobradiças. Além disso, enferrujam facilmente com a água e o sal.
Abra a porta do condutor, agarre-a pela extremidade e experimente movê-la para cima e para baixo. Não deve haver qualquer folga – estas dobradiças costumam ser bastante robustas. Se a porta estiver solta, significa que o carro já passou por muito e a leitura baixa do conta-quilómetros pode ter sido falsificada. Este é um ótimo truque porque, ao contrário do que acontece com os volantes e os estofos, os vendedores quase nunca substituem as dobradiças das portas.
O conta-quilómetros analógico
Como já foi referido, para manipular um conta-quilómetros analógico, é necessário desmontar o painel de instrumentos. Só mãos excecionalmente firmes e habilidosas conseguem fazê-lo sem deixar vestígios.
Para além de riscos ou impressões digitais no interior do painel de instrumentos, parafusos em falta e pedaços de plástico partidos, um conta-quilómetros mecânico manipulado pode oferecer outras provas, como números desajustados.
Os registos de manutenção
Todos os veículos precisam de manutenção regular. Sempre que um mecânico muda o óleo, troca a correia de distribuição, ou repara algum problema, o histórico de manutenção do carro deve receber um novo registo acompanhado da quilometragem atualizada. Se possível, deve-se sempre consultar os registos de manutenção para garantir que não houve manipulação da quilometragem.
Se o proprietário não tiver nenhum registo de manutenção, isso pode ser sinal de alerta; contudo, infelizmente, pode não sê-lo. Nem toda a gente guarda um registo de manutenção coerente!
Em média, um carro faz 20 000 km por ano
Embora as viagens de cada pessoa variem, a distância média anual percorrida por um automóvel é de 20 000 km. Isto significa que, se o veículo tiver mais de dez anos, provavelmente terá mais de 200 000 km. Deve-se considerar isso ao procurar um veículo usado.
Quais são os perigos de um conta-quilómetros falsificado?
O objetivo da manipulação da quilometragem é enganar os compradores de veículos usados. Um carro com 50 000 km pode ser duas vezes mais caro do que um com 150 000 km. Por isso, não é surpreendente que muitos burlões mexam na quilometragem para lucrarem.
Atualmente, os fabricantes não constroem automóveis duradouros. O seu maior lucro provém das peças sobresselentes e não das vendas de automóveis. Isso explica porque é que os carros novos se transformam em autênticas fontes de despesa ao fim de poucos anos. Se optar por pagar mais por um carro com menos quilómetros, pelo menos certifique-se de que a quilometragem é verdadeira.
Para ter uma melhor noção da importância da quilometragem real, eis uma ideia de como os vários componentes do automóvel se desgastam à medida que a quilometragem aumenta:
É por isso que os vendedores de automóveis usados têm tanto interesse em baixar a quilometragem o mais possível abaixo dos 200 000 km.
Lembre-se de que estes números não estão associados a todos os automóveis que circulam na estrada. Embora alguns fabricantes se concentrem na fiabilidade, outros focam-se no desempenho, no conforto, ou em características de luxo.
Além disso, algumas pessoas cuidam melhor dos seus veículos do que outras. Efetuar mudanças de óleo regulares e substituir as peças avariadas assim que estas se danificam são requisitos cruciais no que respeita à longevidade. Infelizmente, muitos condutores continuam a ignorá-los.
O que é a fraude de quilometragem?
O ato de editar as leituras do conta-quilómetros para falsificar a quilometragem é muitas vezes designado por “fraude de quilometragem”, e é ilegal na maioria dos países europeus.
Este esquema é bastante comum em todo o mundo. Como os conta-quilómetros passaram a ser digitais, a falsificação tornou-se ainda mais simples, uma vez que já não é necessário desmontar o painel de instrumentos.
Provar a fraude de quilometragem em tribunal é complicado porque muitos fatores podem justificar este problema com a falta de atenção da vítima. O melhor conselho é evitar ao máximos potenciais carros com quilometragem falsificada.